quarta-feira, 16 de setembro de 2009

100 anos sem Euclides da Cunha

Intitulado como "o homem de seu tempo" o polivalente Euclides da Cunha é rememorado este ano pelo seu centenário de morte.Reconhecido por sua genialidade e dotado de um espírito vanguardista o jovem escritor que passou a pregar a existência dos "dois Brasis" com a sua sincrética obra "Os Sertões",consagrou-se nos anais de nossa literatura por seu caráter cientificista,denunciativo e,sobretudo,histórico.
Dividida em três partes:a terra,o homem e a luta,a obra relata,de maneira sucinta e crítica,a Guerra de Canudos sob uma ótica positivista e descompromissada com os modelos literários correntes.
Depreende-se da obra de cunho regionalista e de estética inovadora a presença de neologismos,carregados de intenso eruditismo vocabular que,posteriormente,ganhariam espaço em nosso léxico.
Quando ressalta a figura humana,presa a um certo determinismo,o regionalismo cortante,o meio como elemento direcionador do comportamento do indivíduo,aproxima-se de outros autores regionais,contudo sua escrita hermética e futurista o torna singular nos métodos experimentais de nossa literatura.
Portanto,de maneira holística,para se compreender o esmero com que foi criada obra de caráter tão instigante,faz-se necessário determinar a que escola literária ela melhor se enquadra,interpretando o contexto em que ela foi produzida e reconhecendo os elementos que melhor caracterizam-na.
Concluí-se, diante dessa enumeração de aforismos,que,para entender Euclides,é preciso ser um grande conhecedor de nossa língua e estar disposto a navegar em um universo onde o eruditismo vocabular ganha uma importância tão significativa que se concretiza na incorporação de neologismos à nossa grade lingüística.Desprendendo-se de todos os estilos e lançando-se em uma leitura um tanto que inacessível,Euclides imortaliza-se nos anais de nossa história.